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Clara Rodrigues

Escola

Colégio de São Gonçalo - Penafiel

Análise do Poema “Dactilografia”

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Resumo do trabalho

Análise do poema "Dactilografia" de Álvaro de Campos, realizada no âmbito da disciplina de Português (12º ano de escolaridade)...


Análise do Poema

"Dactilografia"

Traço, sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,

Firmo o projeto, aqui isolado,

Remoto até de quem eu sou.

.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,

O tique-taque estalado das máquinas de escrever.

Que náusea da vida!

Que abjeção esta regularidade!

Que sono este ser assim!

.

Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavaleiros

(Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),

Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,

Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve,

Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes.

.

Outrora.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,

O tique-taque estalado das máquinas de escrever.

.

Temos todos duas vidas:

A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,

E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;

A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,

Que é a prática, a útil,

Aquela em que acabam por nos meter num caixão.

.

Na outra não há caixões, nem mortes,

Há só ilustrações de infância:

Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;

Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.

Na outra somos nós,

Na outra vivemos;

Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;

Neste momento, pela náusea, vivo na outra .

.

Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,

Ergue a voz o tique-taque estalado das máquinas de escrever.

.

Reflexão:

Este poema foi escrito para salientar que o sujeito poético encontra-se no seu gabinete de engenheiro onde exprime a náusea, o tédio, as sensações que o envolvem, neste caso a monotonia agressiva do “tic-tac” das máquinas de escrever. Este cansaço do presente fá-lo querer regressar ao tempo da sua infância, da sua felicidade inconsciente, mas o ruído do presente interpõe-se, deixando-o sem desespero.



256 Visualizações 13/09/2019